Brasil tem recorde no consumo de energia; veja 5 possíveis explicações
País registrou pico de energia de 103.785 MW em fevereiro, valor que pode ser motivado pelo calor e retomada econômica; veja o que pode ter causado esse fenômeno
O Brasil registrou um novo recorde de consumo de energia elétrica na última terça-feira (11). Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a demanda instantânea no Sistema Interligado Nacional (SIN) atingiu 103.785 megawatts (MW) às 14h42, superando o recorde anterior de 102.924 MW, registrado no fim de janeiro. Esse já é o terceiro recorde batido em 2025 e, apesar dos números, o ONS afirma que o sistema elétrico segue operando com segurança.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, esse número prova que a robustez do sistema elétrico está pronto para atender às necessidades do Brasil com segurança e diversidade de ofertas renováveis. Mas quais são as razões para esse aumento no consumo de energia? Além do calor extremo, outros fatores influenciam o crescimento da demanda. A seguir, o TechTudo lista cinco motivos que podem explicar esse recorde histórico.

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Brasil tem maior consumo de energia da história
O novo pico de demanda instantânea reflete uma tendência já observada nos últimos anos. Segundo o ONS, os três recordes registrados em 2024 ocorreram durante períodos de calor intenso, o que demonstra o impacto das temperaturas elevadas no consumo energético. Além disso, regiões como o Sul do país também registraram máximas históricas. Na mesma data do novo recorde nacional, a região atingiu um consumo de 23.091 MW às 14h38, superando a marca de 21.950 MW do dia anterior.
Mesmo com o crescimento da demanda, o SIN tem conseguido garantir o fornecimento de energia sem grandes instabilidades. O ONS destaca que a infraestrutura elétrica do Brasil é capaz de ar essas variações, mas reforça a necessidade de monitoramento constante para evitar sobrecargas e oscilações no fornecimento.
1. O consumo naturalmente é maior no verão
O calor intenso no verão é um dos principais responsáveis pelo aumento da demanda elétrica. Em períodos de altas temperaturas, eletrodomésticos como ar-condicionado, ventiladores, freezers e geladeiras trabalham com maior intensidade para manter os ambientes resfriados, elevando o consumo de energia.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), as contas de luz costumam ficar até 8,6% mais caras nos meses mais quentes devido ao uso intensificado desses aparelhos. Além disso, o chuveiro elétrico, um dos grandes vilões do consumo de energia no Brasil, também continua sendo amplamente utilizado, até mesmo em períodos quentes. Isso é algo que acontece especialmente à noite, quando as temperaturas tendem a cair um pouco em algumas regiões.
A busca por eficiência energética é uma ajuda na hora de evitar desperdícios. Equipamentos com selo do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), que classifica os aparelhos de acordo com sua eficiência energética, são recomendados para quem deseja reduzir o impacto na conta de luz. O selo A indica maior eficiência, enquanto categorias inferiores (B, C, D) representam maior consumo.

2. Aquecimento global
As mudanças climáticas também influenciam diretamente o consumo de energia elétrica. O aumento da temperatura média global tem provocado ondas de calor mais frequentes e intensas, o que eleva a necessidade de refrigeração em residências, comércios e indústrias.
Estudos indicam que, em diversas regiões do mundo, a maior demanda por resfriamento de ambientes pode superar a redução no uso de aquecimento, levando a um crescimento constante no consumo de energia. No Brasil, países tropicais e regiões mais quentes são os mais afetados, com um aumento expressivo no uso de ar-condicionado nos últimos anos.

3. Popularização do ar-condicionado
O ar-condicionado deixou de ser um item de luxo e se tornou mais ível para muitas famílias brasileiras. Consequentemente, o crescimento da venda desses aparelhos no Brasil também tem impacto no aumento da demanda elétrica. Em 2023, por exemplo, a produção de condicionadores no país cresceu 83% em relação ao ano anterior, atingindo a marca de 3,28 milhões de unidades fabricadas entre janeiro e julho — segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).
Com o aumento da ibilidade e a necessidade de conforto térmico, mais consumidores estão adquirindo esses equipamentos. Como consequência, o consumo de eletricidade dispara nos períodos de calor intenso. Em algumas regiões, a alta demanda levou até mesmo a dificuldades na reposição de estoque de certos modelos nas lojas.

4. Hábitos de consumo e trabalho diferentes
Mudanças nos hábitos da população também influenciam no consumo de energia. O crescimento do trabalho remoto, impulsionado pela pandemia, fez com que mais pessoas assem longos períodos em casa, utilizando aparelhos elétricos de forma contínua. Outro fator relevante é o aumento do tempo de uso de eletrodomésticos e eletrônicos. A população a mais horas conectada, seja assistindo a conteúdos em streaming, utilizando assistentes virtuais ou operando eletrodomésticos inteligentes, o que eleva a demanda por eletricidade.
Além disso, a digitalização das atividades diárias tem contribuído para o aumento da demanda elétrica. O uso massivo de computadores, servidores, dispositivos móveis e eletrodomésticos inteligentes, por exemplo, gera um consumo constante de energia.
Estudos apontam que a infraestrutura digital já representa uma parcela significativa das emissões de gases do efeito estufa, um desafio para a sustentabilidade energética. Isso é particularmente evidenciado também pela adoção em massa das inteligências artificiais (IA), como no caso do ChatGPT e do DeepSeek, que precisam de servidores imensos para funcionarem.

5. Crescimento populacional
Embora a taxa de crescimento da população brasileira esteja em desaceleração, o aumento no número absoluto de habitantes ainda impacta o consumo de energia. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil atingiu 203 milhões de habitantes em 2022, um crescimento de 6,5% em relação ao último Censo, realizado em 2010.
Esse crescimento populacional tende a gerar maior demanda por infraestrutura elétrica, seja em novas residências, comércios ou indústrias. O aumento no número de domicílios, aliado à urbanização crescente, leva a uma necessidade maior de eletricidade para iluminação, refrigeração e abastecimento de equipamentos eletrônicos.
Além disso, o consumo per capita aumentou com a modernização dos lares e, consequentemente, a adoção de novos aparelhos eletrônicos ou eletrodomésticos. Se antes uma residência contava com poucos equipamentos, hoje é comum que cada morador tenha dispositivos individuais, como smartphones, tablets e notebooks, além de aparelhos domésticos de alta potência
Com informações de O Globo, Agência Brasil, Polytechnique Insights, Extra, The Guardian e IBGE
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