Samsung quer que casa inteligente seja 'para todos'; veja entrevista
Vice-Presidente do Grupo de Customer eXperience Insights da Samsung, Bona Lee falou ao TechTudo sobre ibilidade e automação nos eletrodomésticos smart da marca; confira
Enquanto lâmpadas inteligentes, smart TVs e assistentes de voz ainda são os símbolos mais populares do conceito de casa conectada, a Samsung está mirando mais longe — e mais fundo. A fabricante sul-coreana quer emplacar a visão de “AI Home”, um lar no qual a Inteligência Artificial (IA) entra em cena para aprender rotinas, antecipar necessidades e economizar energia. Em entrevista exclusiva ao TechTudo durante o Tech Seminar, evento em que a marca revelou as últimas novidades de seu portfólio de eletrodomésticos smart, Bona Lee, Vice-Presidente e Líder do Grupo de Customer eXperience Insights da Samsung, defendeu uma visão de casa inteligente ível e proativa, na qual a IA deve se adaptar às pessoas — e não o contrário.
“Estamos nos esforçando muito para tornar cada etapa mais simples e automatizada”, afirmou Lee. “Queremos criar uma IA ível a todos, incluindo o maior número de pessoas possível nessa experiência." A executiva, que contribuiu significativamente para o desenvolvimento dos eletrodomésticos Bespoke AI, defende que uma autêntica AI Home tem quatro valores fundamentais: facilidade de uso, cuidado, economia e segurança. A seguir, confira os principais destaques da conversa com Bona Lee.

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IA que se adapta às pessoas — e não o contrário
Para Lee, o avanço da Inteligência Artificial em casa só será bem-sucedido se a tecnologia for capaz de compreender contextos e hábitos, em vez de se limitar a executar comandos. Com base em sensores, histórico de uso e dados contextuais, os produtos estão sendo desenhados para entender o que o morador quer fazer, antes mesmo que ele precise pedir.
“O que estamos tentando criar é uma experiência conectada em que você não precise fazer nada — apenas chegar em casa do trabalho e tudo já estar feito. Essa é a visão que queremos alcançar”, explicou Bona Lee.
Esse tipo de automação é possível com tecnologias como o AI Vision Inside, que identifica os alimentos prestes a vencer na geladeira e sugere receitas com os mesmos ingredientes. Os wearables também reconhecem quando o morador adormeceu, e então desligam a TV e as luzes. Além disso, se a pessoa disser “estou com calor!” para a Bixby, por exemplo, a assistente virtual da Samsung ajustará a temperatura do ar-condicionado.

De acordo com Bona Lee, há quatro estágios de desenvolvimento da Inteligência Artificial — percepção, aprendizado, raciocínio e exploração —, e a Samsung está entre a segunda e a terceira fase. "Estamos no processo de coleta de dados e investimento em tecnologia para oferecer uma experiência totalmente conectada. Vai levar um tempo até que a IA possa tomar decisões totalmente sozinha e oferecer soluções completas, mas já estamos trabalhando para isso", afirmou.
Design e experiência íveis
Um dos principais desafios da AI Home é atender também pessoas que não têm familiaridade com tecnologia ou podem apresentar dificuldades no uso dos aparelhos. Pessoas idosas, com deficiência ou usuários de primeira viagem entram nesse grupo.
“Sabemos que a conexão inicial [dos dispositivos] pode ser um desafio, como escanear um QR Code, porque pessoas com deficiência visual, por exemplo, nem sabem onde ele está. Por isso, criamos um serviço chamado ‘onboarding’, em que o dispositivo já chega conectado automaticamente, sem a necessidade de configuração”, explicou Lee.

Ela compartilhou ainda o caso de um casal com deficiência visual que configurou sua casa inteligente com rotinas táteis e sonoras. Após conectarem tomadas inteligentes ao aplicativo SmartThings, eles criaram comandos simples para tarefas do dia a dia.
"Por exemplo, ao apertar o lado esquerdo de um botão inteligente, o forno prepara nuggets por 10 minutos; ao apertar o lado direito, o micro-ondas esquenta arroz por 2 minutos. Eles também configuraram alertas sonoros que avisam se o ar-condicionado estiver ligado com a janela aberta", contou Lee.
Privacidade e segurança
Com câmeras, microfones e sensores espalhados por toda a casa, e dispositivos conectados via Wi-Fi, é esperado que os consumidores se preocupem com a própria privacidade e segurança. Afinal, sem proteção adequada, eletrodomésticos smart podem se tornar alvos de invasões remotas e ciberataques que expõem dados pessoais e até mesmo comprometem o funcionamento dos aparelhos — um pesadelo na cozinha e em qualquer outro cômodo.
Bona Lee reconhece a preocupação dos usuários, e afirma que a expertise da Samsung na indústria de smartphones permitiu que a empresa desenvolvesse eletrodomésticos com segurança de alto padrão.
"O diferencial da Samsung é que temos também o negócio de celulares, que são, talvez, os dispositivos mais sensíveis em termos de privacidade, por armazenarem muitos dados. Desenvolvemos uma solução própria de segurança, o Knox, que também aplicamos aos eletrodomésticos", assegura.
A executiva explicou que os dados são processados localmente no dispositivo, e as informações que vão para a nuvem são protegidas por criptografia de ponta a ponta. Dessa forma, apenas o remetente e o destinatário conseguem decifrar a informação — mesmo se interceptada, ninguém mais pode entender o conteúdo.
"Também usamos a tecnologia Trust Chain, baseada em blockchain. Os eletrodomésticos monitoram uns aos outros e, se algum deles for comprometido, os demais detectam e o desconectam imediatamente para proteger a rede", completou Lee.
Casa inteligente para todos?
Na visão de Bona Lee, o consumidor brasileiro é rápido na adoção de novas tecnologias aplicadas aos eletrodomésticos. Dados internos da Samsung apresentados durante o Tech Seminar mostram que o Brasil é o segundo maior em número de usuários ativos do app SmartThings, atrás apenas dos Estados Unidos.
Entretanto, ainda não se pode dizer que as casas conectadas e inteligentes são uma realidade para os brasileiros. Segundo o levantamento sobre Tecnologia da Informação e Comunicação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/TIC), do IBGE, 11,6 milhões entre os 72,5 milhões de domicílios com Internet tinham algum tipo de aparelho smart em 2023. Apesar de ter aumentado 1,7 ponto percentual em comparação a 2022, o número representa apenas 16% dos lares conectados.
Um dos principais entraves para a montagem de uma casa smart está no preço. Os valores dos eletrodomésticos Bespoke AI podem chegar a impressionantes R$ 29.998 — para a geladeira Bespoke French Door de 32 polegadas — e não são íveis para a maioria dos brasileiros.

Bona Lee reconhece que as cifras são, de fato, elevadas, e as atribui ao custo de desenvolvimento e aplicação das inovações. Entretanto, a executiva diz que a empresa tem trabalhado para levar a IA a modelos mais baratos.
“Começamos com a geladeira Family Hub de 32 polegadas, mais cara, e agora temos uma versão de 9 polegadas. O mesmo aconteceu com a lavadora Bespoke AI Laundry Combo, que foi lançada com uma tela de 7 polegadas, mas agora também está disponível com 4,3 polegadas e com o chip Tizen Light, mais ível", exemplificou. "Esperamos continuar levando essa experiência para uma gama maior de produtos."
Com informações de IBGE
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*A jornalista viajou para a Cidade do México a convite da Samsung.